O idealizador, empresário e presidente da empresa responsável pelo projeto da Ferrogrão, Guilherme Quintella, anunciou ontem (23), durante um evento organizado pela Prefeitura de Sinop em parceria com entidades representativas, que não há nenhum impedimento para o prosseguimento com o desenvolvimento de projetos que compõem a ferrovia que ligará Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA). A licitação que escolherá a empresa que executará a implantação da ferrovia, deverá ocorrer no primeiro semestre de 2026.
Quintella, em coletiva com a imprensa local, informou que o projeto ficou paralisado por três anos, em decorrência de uma judicialização envolvendo a área do Parque Nacional do Jamanxin, no estado do Pará. Entretando, em 2023 o Superior Tribunal Federal (STF) concluiu que a obra não atinge o parque e autorizou a continuidade do levantamento, estudos e projetos.
“O projeto ficou paralisado sim, de 2021 a 2023, através de uma demanda política que foi homologada junto ao Tribunal Superior Federal, mas em maio de 2023 o ministro relator, Alexandre de Moraes, liberou a continuidade dos estudos e para todo o processo licitatório da ferrogrão”, esclareceu Quintella.
Segundo ele, “a única coisa que tem pendência é o licenciamento ambiental que está sendo feito pelo Governo Federal, pela Infra S.A. [autarquia federal], lá em Brasília, que está coordenando a questão do licenciamento ambiental para começar as obras. Então, não tem nada mais que impeça a licitação da Ferrogrão e é por isso que o ministro Renan [ministro dos transportes] anunciou, agora em maio, que essa licitação deverá ocorrer no primeiro semestre do ano que vem”, completou.
Quintella destaca que o desenvolvimento do projeto completou mais de 10 anos e com isso, a demanda do setor da produção de grãos da região norte do estado de Mato Grosso, aumentou. O setor hoje realiza duas safras por ano, o que tornou a Ferrogrão, ainda mais atrativa.
“De 2013 para cá, a demanda da Ferrogrão aumentou muito. Porque, hoje, nós temos uma segunda safra que não tínhamos em 2013, do tamanho que temos hoje. Então, temos uma segunda safra que fez com que a ferrovia melhorasse do ponto de vista de sua atratividade. Nós estamos bastante confiantes de que o leilão será um sucesso. Já grupos estrangeiros e grupos nacionais tem nos procurado e procurado o Ministério dos Transportes, a ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres], que é o local onde o projeto está hoje, para que possa ter o reconhecimento do projeto para se prepararem para a disputa do leilão do ano que vem”, concluiu.
O prefeito Roberto Dorner, um dos idealizadores do encontro, diz com muita satisfação que o evento vem ao encontro do interesse da população e do setor produtivo de Sinop e região. Ele reforçou o apoio da cidade, do setor empresarial e da Prefeitura de Sinop para a implantação da Ferrogrão.
“A Ferrogrão é o que nós esperamos há muitos anos e eu vejo que cada vez está se aproximando mais a sua concretização. E nós, munícipes, empresários, produtores, entidades, estamos trazendo o palestrante, que é o idealizador dessa política pública, que é a vinda da Ferrogrão para Sinop, para que nossa população esteja a par de tudo o que está acontecendo, nos bastidores, em Brasília, os trabalhos que estão ocorrendo e os trabalhos que ainda serão feitos. Isso para nós é uma gratidão muito grande”, disse ele minutos antes de iniciar o encontro.
Em números, a Ferrogrão, técnicamente chamada de EF-170, terá uma linha de trilhos de 933 km e será responsável por transportar a produção de soja, milho, farelo e demais produtos advindo da produção de grãos de Sinop e estado de Mato Grosso. A estimativa é que sejam transportados 20 milhões de toneladas de cargas no início da sua operação e mais 50 milhões de toneladas ao final do período de concessão que é de 69 anos. A arrecadação tributária está estimada em R$ 625 milhões e a operação em R$ 5,3 bilhões. O projeto prevê uma geração de emprego de 300 mil.