Pegar o ônibus, ir ao banco, ou mesmo ao supermercado podem ser, para quem tem o domínio – mesmo que mínimo – das letras e números, exercícios corriqueiros. No entanto, para um grupo de 3,9 mil pessoas residentes no município de Sinop o cenário é outro. Sem saberem ler ou escrever, esta faixa da população ainda vive às sombras do analfabetismo, já que, por razões diversas, permaneceram distantes de quaisquer ambientes educacionais. O número integra a estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), presente no Censo 2015, e revela o desafio da cidade, assim como de outras no país, em zerar o analfabetismo em âmbito local. Em termos proporcionais, os 3,9 mil analfabetos auto-declarados representam 2,8% da população total residente em Sinop, atualmente na casa das 135 mil pessoas, ainda segundo o IBGE. Professora da rede pública municipal de Ensino de Sinop, Veridiana Paganotti, atualmente também secretária municipal de Educação, Esporte e Cultura desta mesma cidade, lembra que a existência do analfabetismo expõe dois cenários preocupantes e que revelam, de um lado, a exclusão social, e, do outro, a defasagem no ensino de jovens e adultos, visto a predominância do analfabetismo auto-declarado nestas duas últimas faixas etárias. “O universo da escrita, da leitura, dos números é muito importante para o ser humano ter sua vida e possa ir, por exemplo, desde o mercado ao banco. Ter acesso ao que a sociedade e não ser excluído dela. Estes mais de 3 mil analfabetos mostram uma defasagem no ensino de jovens e adultos e precisamos melhorar isso através de projetos. É um dado negativo para a cidade e, enquanto Prefeitura, precisamos nos organizar para erradicar esta taxa”, expressa a gestora. Como explica a secretária municipal, no crivo das políticas públicas voltadas à educação está a inclusão do município em programas que visem erradicar o analfabetismo. Entre estes, por exemplo, destaca-se o projeto “Muxirum”, que na língua indígena Tupi-Guarani significa “Mutirão", realizado pela Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Apenas neste ano, o projeto prevê a retirada de mais de 9 mil pessoas da zona do analfabetismo no Estado, mediante oferta de ensino gratuito a pessoas com faixa etária a partir dos 15 anos. Conforme explica Cristiane Bregolatto, integrante da equipe de coordenação do projeto em Sinop, o Muxirum utiliza uma metodologia de ensino inspirada em teóricos brasileiros da Educação como Paulo Freire, Emília Ferrero e Magda Soares. Os alunos participam de aulas distribuídas semanalmente e que são conduzidas por formadores previamente cadastrados e capacitados pelas instituições organizadoras do projeto. São aplicadas, ao todo, 270 horas-aula de forma a propiciar aos participantes a inserção social por meio da Educação. “Em Sinop, o Muxirum tem a meta de capacitar neste ano cerca de 800 pessoas com aulas realizadas durante seis meses de atividades em diversos locais como igrejas, escolas, residências e demais”, explica a coordenadora do projeto, em Sinop, pela SEDUC. Inscrições abertas Em Sinop, as inscrições para o projeto Muxirum estão abertas até o próximo dia 20 de abril, sendo realizadas na Assessoria Pedagógica, localizada à Avenida das Embaúbas, no centro. Interessados devem possuir idade mínima de 15 anos e comparecer à unidade munidos de documentos pessoais. Após o trâmite, os futuros alunos são informados sobre os locais das aulas. Isto porque, conforme explica ainda Bregolatto, no município as aulas ocorrerão em polos diversos e não uma única sede fixa. Idosos e/ou outras pessoas que apresentam impossibilidade de se locomoverem até a sede da Assessoria Pedagógica podem ter a matrícula efetivada por algum outro membro familiar, desde que ocorra a apresentação dos documentos pessoais do participante das aulas. Dúvidas sobre o projeto, matrículas ou outras ações relacionadas ao Muxirum podem ser sanadas de duas formas: juntamente à Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura, tanto em sua sede física, localizada à Avenida dos Jacarandás, número 2.424, setor industrial Sul, quanto pelo telefone 66 3511-3700 (7h às 13h); ainda, diretamente com a coordenadora Cristiane Bregolatto, pelo número 66 9 9916-9686.
Autor: Leandro J. Nascimento